domingo, 30 de março de 2008

A dor alheia e suas implicações

Outro dia eu estava me lamentando por algumas coisas tristes que estavam acontecendo na minha vida. Falei com uma amiga e ela disse que eu não ficasse triste, pois havia pessoas em situação pior que a minha e comentou sobre uma menina que, aos 22 anos, estava com câncer no cérebro.
Tudo bem, vamos por partes. Estou triste por causa de meu problema e agora, para completar, estou arrasado de saber que uma jovem vai morrer sofrendo! O que ela pensa que eu sou? Um egoísta sádico? Não sei por que, mas muita gente acha que a outra pessoa vai ficar feliz de saber que o outro está pior do que ela. Imaginemos a cena:

- Estou triste porque meu cachorro morreu.
- Não fique assim... veja como há situações piores; minha mãe morreu.
- Uau! Agora estou muito feliz! Você está na merda! Adoro ver você na merda!

Outro dia, em outra situação triste, meu amigo me disse: “você tem que se alegrar porque seu problema é só esse. Tem gente querendo matar meu irmão e, como me pareço com ele, fui seguido um dia desses.” Mas que merda! Agora além dos meus problemas, vou ter que ficar apavorado de andar com um amigo, com medo de levar um tiro!
As pessoas são realmente tão sádicas? Elas melhoram com a dor do outro? Acho que vou investir nisso e ganhar dinheiro. Vou criar uma empresa com serviços desde passeios em favelas a planejamento de acidentes de trânsito. O slogan vai ser: “Está triste? Seus problemas consomem você? Deixe um amigo aleijado e fique feliz!”
Claro, isso é proibido, mas pode facilmente passar pela aprovação dos deputados. Apresentaria a eles a proposta da empresa e mostraria como ela seria útil até para eles. Meu slogan, destinado a convencê-los, seria diferente: “Está sendo investigado por corrupção? Venha conosco ao presídio e veja o que acontece aos ladrões de galinha”.
Conclusão: sorria, morra de felicidade, pois o Iraque está em guerra e você não está lá. A cada bomba que cair, solte fogos de artifício em comemoração. Milhares de pessoas estão morrendo.... mas você não está lá.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Falando ao telefone

É engraçado como o contato visual é importante para o ser humano. Tem gente que fica totalmente atrapalhado ao telefone. Minha avó, quando liga lá p’ra casa, a situação é interessante. Ela diz “alô” e dá uma pausa, aí eu penso “meu Deus, ela está tentando fazer telepatia de novo”. E quando ela pergunta por minha mãe, que eu digo que ela não está, ela diz “tá certo” e faz outra longa pausa. Será que ela fica em dúvida se gostaria de falar com outra pessoa além da minha mãe?
Com meu irmão acontecem fatos semelhantes; eu antes pensava que era a linha telefônica cortando, mas é a linha de raciocínio. O telefone faz isso com ele. Meu tio sofre da mesma doença. Ele diz: “Alô, Alyson...................” Eu fico pensando no espaço em branco depois do meu nome e dá vontade de completar “Souto Diniz Vilela”. Igual a professor perguntando ao aluno "Quem descobriu o Brasil foi Pedro........" e o aluno responde "Álvares Cabral".
Parece que é de família. Tenho uma tia-avó que é hipocondríaca e sofre do mesmo problema ao telefone. Liga para a minha mãe contando todas as suas mazelas, o que já seria bastante irritante, mesmo se ela soubesse falar ao telefone. Se eu disser a ela que esse problema do telefone também é doença, ela vai ter um orgasmo patológico.
Tem também aqueles que quando a gente liga e fala “Alô, fulano está?”, a pessoa responde do outro lado “Está... quer que eu chame?”. Qualquer dia desses eu respondo “Não, liguei só para checar, tchau”.
Recentemente, ligaram p’ra minha casa e fizeram uma pergunta genial: “é da casa de quem?” Complica! Eu fiquei me perguntando: será que essa pessoa conhece todo mundo desta casa? Será que se eu responder o nome de um deles, a pessoa vai saber quem é? Eu tive vontade de responder: "É da casa de Arnaldo, Afra e seus filhos Alyson e Adrielle, Aerson não mais porque está casado. Tem também Dona Lourdes, que aqui trabalha e Maxswell, seu filho. Além disso tem Phoebe, que não pode atender porque é uma cadela e, de qualquer maneira, está muito ocupada agora transando com sua toalhinha". Mas eu respondi somente: “com quem você quer falar?”. E a resposta: “com o dono da casa”. Respondi que o dono da casa não estava e desliguei.

Apresentação

Olá a todos.
Este é um blog criado com o objetivo de observar o que há de cômico e mais irônico no nosso cotidiano. A idéia principal é trazer alguns comentários sobre o dia-a-dia, observando alguns detalhes que passam despercebidos na nossa rotina apressada. É uma espécie de comédia stand-up da escrita (e quem não sabe o que é comédia stand-up, é só procurar no Youtube que vai achar vídeos de sobra).
Também pretendo postar tiras de quadrinhos, fotos engraçadas e coisas do tipo.
Contarei com a ajuda de Daniele Calaço (para a arte das tiras) e de Félix Maranganha para alguns textos e roteiros.

Espero que apreciem.