segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A hora do zepelim

Lá está o dirigível
Conectado à plataforma
E ninguém sabe tão bem
O destino dos que vão
Decola sempre lotado
E retorna sem ninguém

Uns sonham com um destino
De uma praia ou uma montanha
Uma ilha naturista
Habitada por mulheres

Outros dizem que o que volta
Nem a mesma nave é
Pois aquela que partira
Se tornou num hindenburg

É difícil decidir...
O que há nessa jornada?
Um delírio xamanista?
Um incêndio hidrogenado?
É um zepelim que leva
E o que volta, qual será?

Vai que nem destino tem
Ele apenas parta e vá..
Vá e vá e vá sem fim
E em algum dado momento
Cai nas bordas do planeta
E por lá se aniquile

Quanto mais o observo
Quanto mais me achego a ele
Menos medo ele me dá
Essa máquina infernal
De hidrogênio inflamável
Medo... pavor...
Mas quanto mais...
quanto mais convivência...
Menos medo...
mais conformação
 
Inclusive às vezes deixo
Uma mala lá no porto
Num armário lá por perto
Sob um lacre a cadeado
Mas não permito no entanto
Que se embarque uma sequer
E duvido que algum dia,
Uma delas lá embarque

Eu irei... mas as malas... sei lá se vale a pena

Chego lá com meia dúzia
Deixo duas, voltam quatro
Dou uns dias, recupero,
E levo todas pra casa,
E com mais uma semana,
Volto ao porto com mais doze
E mais doze cadeados

Dia desses inda embarco
Nesse voo sem destino
Ou talvez grande destino...
(vai saber)
No gigante zepelim

E ao partir este aeróstato
Que não fiquem lá parados
Olhar longe em meio ao cais
E que o céu seja renovo
E que nunca se resuma
A um estreito e curto cais
À espera de uma nave
Que não volta nunca mais.